segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Cântico III

meu deus é uma caneca
meu amor é uma boneca
de plástico inflável
inflamável.
sou descrente
totalmente
não acredito nem em guerra
não creio em contos
não como carne de peixe
não palito os dentes
não penteio os cabelos
não sei se sou gente
talvez seja indigente.

não quero festa
nem de aniversário
nem no dia da morte
do meu adversário
não quero enterro enfeitado
quero tábua de caixão
na rua pela mão
levado carregado.

Não tenho motivo
para riso
não acredito em meu poema
não acredito em dilema
meu livro não é poema
meu livro é dilema
mataram o prefeito de Diadema

a árvore viro tábua
o rio virou areia
o filho virou poeira
a filha virou assombração
vivo ao relento
em terra desconhecida
onde o sol derrete
cérebros e pensamentos
lamentos.

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