segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Cantico V

faço bolsas de saco de estopa
e visto-me delas
minha nudez não merece revista
não sou alguém que mereça atenção
não sobrevivo a um ataque de moscas

quando de madrugada os galos cantam
é para que eu não esqueça
da miséria que me rodeia

sou um sonâmbulo
que morre de insônia
de envelhecido
estranhas coisas
ocorrem em minhas entranhas,
nascem-me cabelos nos ouvidos
os músculos amolecem
as artérias se rompem
os dentes apodrecem
ainda em uma boca viva,
os cabelos caem
deixando à mostra uma cabeça horrenda
o ânus já não agüenta
a febre das fezes

não fumo maconha
não tomo cachaça
não uso cocaína
e nenhuma droga cara
leio a Bíblia
mereço morrer de morte abandonada
sou uma besta de bunda para a lua
para a sua.

Um comentário:

Anônimo disse...

a grandeza está na obscuridade da poesia